quinta-feira, 4 de setembro de 2008

MULHER DA RUA (Joseli Dias)

Mulher da rua
de seios duros,
de coxas nuas
Lembra das noites
enluaradas,
do manto frio
da madrugada?
Lembra do canto,
lembra da lua
quando passavas
na minha rua?

Lembra da Rua
da Olaria
onde deitada
na grama fria
a qualquer corpo tu te vendias?

Lembra da escada
e da sacada
lembra da “loura”
sempre gelada
com “colarinho”
que eu te trazia?

Lembras das noites
no Sobradinho
onde vendias
os teus carinhos
onde cobravas
o teu michê?
Foi muito antes,
mulher da rua
que me viestes
gingando os seios
me revolvendo
em devaneios
nos sonhos loucos
de ver-te nua.

E o gramado
e a lua cheia
alumiando
tua face nua?
Aquela grama
foi nossa cama,
mulher da rua.

Foram suspiros
entrelaçados
foram dois corpos
emaranhados
foram orgasmos
loucos, gritados
como dois peitos
apaixonados.
Foram loucuras
mulher da rua.

Ainda lembro
que certo dia
a minha Rua
da Olaria
ficou mais feia
ficou sombria
e naquela noite
chorei magoado.
Estava louco
apaixonado
e sem piedade
te despedias.

Tempos se foram
sonhos morreram
filhos cresceram
envelheci.
A realidade
agora é crua
e pela vida
eu me perdi.

Mas tu ficastes
neste passado
que muitas vezes
desesperado
passo as noites
a relembrar.

Ainda sinto
saudades tuas
do teu gingado
das costas nuas
e fico às vezes
a imaginar
que a qualquer hora
na minha rua
quando à noite
brilhar a lua
mulher da rua
tu vais passar.

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